Viajar é preciso (e não tão complicado assim)

 

Após catorze meses vivendo na Austrália e trabalhando com o objetivo de juntar dinheiro para  um longo mochilão, finalmente posso dizer que ele está acontecendo. Viajando por cerca de 7 meses por diversos países da Ásia e Europa, decidi criar este lugarzinho para contar um pouco sobre meus dias por aqui.

Além disso, depois de ouvir de várias pessoas frases como: “nossa, você deve ser muito rico pra viajar por tanto tempo assim” ou “seus pais não querem me adotar, não?!” decidi escrever esse texto especialmente para aqueles que ainda acreditam que viajar por tanto tempo é muito caro ou difícil.

É claro que tudo depende do tipo de viagem que cada um está buscando. Para quem está interessado em uma viagem mais turística, com diversos tours e passeios fechados, talvez este não seja o melhor post para tomar como referência. Mas para quem, como eu, gosta de vivenciar um pouco do dia a dia e da cultura local de perto, aqui vão algumas dicas de como fazer isso e, de quebra, não gastar muito.

 

Voluntariado e Couchsurfing

Os maiores gastos de uma viagem, sobretudo internacional, costumam ser transporte e acomodação. Do preço do transporte não dá pra fugir muito, mas é bem possível salvar a grana da estadia em quase todos os países.

O primeiro método que indico – e um dos mais legais – é fazendo Couchsurfing. Pra quem não conhece, Couchsurfing é uma plataforma em que pessoas trocam experiências por “um lugarzinho no sofá”. Explicando melhor, o site funciona em diversas cidades do mundo, conectando viajantes a moradores locais que estejam dispostos a receber mochileiros por alguns dias em suas casas. Ou seja, pessoas que têm aquele quartinho de hóspedes que mal é usado ou um sofá confortável que pode servir de cama para alguém que não quer gastar dinheiro em um hostel/hotel. Em troca, o anfitrião não recebe absolutamente nada além de uma nova experiência cultural com um cidadão de outro país e uma grande possibilidade de amizade.

 

Couch Octavia and Sinead

Vai por mim, você não vai se arrepender de fazer Couchsurfing

Eu costumava receber mochileiros em minha casa na Austrália. E em poucos meses fazendo isso, conheci suíços, americanos, ingleses, indianos, chineses, austríacos, japoneses, noruegueses etc. Isso porque não costumava receber gente com uma frequência tão grande quanto ao meu colega de casa, que me mostrou o caminho das pedras para como ser um anfitrião legal para os hóspedes.  Toda vez que recebíamos alguém, saíamos pela cidade para tomar uma cerveja e caminhar pelos pontos turísticos, que algumas vezes eram decididos pelos viajantes e outras vezes por nós mesmos.

A experiência é incrível. Não tenho uma única crítica ao modelo ou reclamação sobre as pessoas que recebi em minha casa.

Como receber/visitar pessoas com segurança 

A primeira pergunta que vem à cabeça quando ouvimos algo sobre o Couchsurfing é: “Mas como saber se posso confiar na pessoa?!”. Essa pergunta faz todo o sentido, uma vez que você está abrindo a sua casa para alguém ou se arriscando a dormir no sofá de uma pessoa que não conhece.

A resposta dessa pergunta está no perfil  eletrônico de quem está interagindo contigo. Como o Couchsurfing também é um tipo de rede social, o perfil é o que define se quem está do outro lado é confiável ou não. Na página principal de cada membro, é possível adicionar fotos, idiomas falados, experiências de viagens passadas, informações básicas como profissão, cidade natal, etc e o mais importante: as referências.

São elas que vão formar a reputação no site. E a maneira de consegui-las é conhecendo gente e pedindo para que escrevam algo sobre você, em seu perfil. Podendo ser viajantes, hóspedes ou até amigos que você faz por aí.

Mas é claro que também rolam algumas aprovações sem nenhuma referência. Quando estava na Austrália, duas meninas norueguesas que haviam criado o perfil no Couchsurfing apenas dois dias antes aplicaram para ficar na minha casa. Era a primeira vez que eu recebia alguém e estava receoso por elas não terem nenhuma referência. Mas como eu também não tinha, a solução que encontrei foi pedir para conhecê-las antes. Fomos a um bar, tomamos uma breja, conversamos por algumas horas e depois que elas ficaram a primeira noite no hostel que já haviam reservado, vieram na segunda noite ficar em minha casa. Ou seja, fiz questão de conhecê-las antes de aprovar a estadia.

Outra ótima solução para ganhar algumas referências é a opção “Hangout” do Couchsurfing. Esse é um bom jeito de conhecer pessoas, ainda mais se você estiver viajando sozinho. Nesse formato, que faz parte do site/aplicativo, pessoas simplesmente combinam um lugar e se reúnem para passar a noite juntas em bares, karaokês, festas ou qualquer lugar que queiram. Também existem encontros para conhecer um ponto turístico legal de uma cidade ou coisas do tipo. Como falei, é uma maneira incrível de conhecer pessoas novas. E elas também podem te escrever algumas referências pessoais que serão úteis lá na frente.

Qualquer dúvida sobre o Couchsurfing que vocês tiverem, me mandem uma mensagem que eu terei o prazer em explicar. Tenho uma boa experiência com ele 🙂

Website: http://www.couchsurfing.com

O app é um vermelho e branco e é por ele que funciona a opção Hangout.

Voluntariado

Outra opção muito legal de se inserir na cultura local de forma mais profunda é trabalhando. E a parte mais divertida é que existem diversos tipos de trabalho por aí, nos cinco continentes desse mundão.

Existem dois sites que recomendo, pois são os dois que usei, até agora: Workaway e WorldPackers. Ambos trabalham com o mesmo princípio: conectar pessoas que querem imergir em uma nova cultura por meio de um trabalho voluntário a anfitriões que precisam/querem viajantes para um determinado serviço.

Existem diversos tipos de oportunidade em ambos os sites: o mais comum me parece ser voluntariar em hostels. Mas também existem opções como ensinar inglês para crianças, trabalhar em casas de família, trabalho em fazendas, jardins, escolas e muitos outros serviços. Em ambos os sites você encontra divisões em relação ao tipo de trabalho que você pode escolher, então é possível filtrar por voluntariados apenas em ONG’s ou fundações focadas em trabalho social, ou somente buscar por trabalhos em hotéis e restaurantes, por exemplo. As opções são muitas e só dependem da disposição e vontade de quem quer trabalhar 🙂

Para decidir aonde ir e o que fazer, basta ler a descrição da vaga no próprio perfil disponibilizado no site e escrever um pouco sobre você e seus objetivos para o anfitrião. Conforme a conversa for fluindo, é possível combinar o tempo de estadia, o número de horas de trampo por semana ou por dia e basicamente o que cada parte espera da outra. É essencial que tudo isso seja combinado antes, para evitar surpresas ou desentendimentos.

As diferenças entre WorkawayWorldPackers são poucas, mas pelo que notei, o primeiro é mais comum na Europa, enquanto o WorldPackers, que inclusive é um site brasileiro, tem mais oportunidades na América e na Ásia. Além disso, ele também protege mais o viajante de possíveis perrengues. Caso o anfitrião não cumpra com a sua palavra ou algo de mais grave aconteça, o WorldPackers auxilia na busca por outro trabalho e pode chegar até a pagar alguns dias de acomodação em outro local próximo. Mas fiquem atentos, pois as regras podem mudar.

Importante dizer que, assim como no Couchsurfing, é bem importante ler as referências do lugar que você quer trabalhar.

A minha primeira experiência com voluntariado foi por meio do Workaway, com uma família russa, em São Petersburgo. Esse será o tema do meu próximo post, em que falarei com mais detalhes sobre essa vivência. Mas basicamente o meu trabalho era levar o filho mais velho – de uma família com uma mãe e 3 crianças – na escola de natação três vezes por semana. Eu saia com o menino (infelizmente não consegui tirar fotos com ele) de tarde, para levá-lo à piscina, que ficava a 15 minutos caminhando de casa; ficava 1:45 jogando futebol em um campo ao lado do local e depois o buscava. Se eu quisesse, poderia até voltar para casa. Depois que o buscava, estava livre pelo resto do dia. Isso se repetia três vezes por semana e o resto do tempo tinha todo para mim.

Lisa e Daria. As irmãs mais fofas de toda a Rússia

É claro que esse foi um trabalho muito tranquilo que tive, mas o que ficou evidente era que a mãe que me “contratou” não queria tanto que eu cuidasse dos filhos, mas sua vontade era mostrar para eles que existiam pessoas de outros países, que falavam línguas diferentes, com tons de pele diferentes e hábitos também distintos. Em troca dessa interação, eu ganhei uma família russa que me acolheu com diversos sorrisos e afeto.

Minha segunda experiência será em um hostel na Suécia em que vários brasileiros já trabalharam. Logo logo postarei algo por aqui. Consegui pelo WorldPackers e não vejo a hora de começar.

No que diz respeito a economia, essas duas formas que citei são muito boas para dar aquela segurada na grana de acomodação e também no dinheiro que normalmente é gasto com comida. Nas vagas pelo site de voluntariado fica especificado se você terá refeições durante o dia ou se é o caso de cozinhar sua própria comida. Em ambos os casos, tanto no Couchsurfing, quanto nos outros sites, é muito comum que você possa cozinhar sua própria refeição na cozinha do local. Economizando um bom dinheiro.

Algo bem importante sobre os três sites é que eles cobram uma anuidade que vale a pena ser paga. Nada muito caro, entre US$20 e US$40 para utilizar os serviços deles por um ano inteirinho. Além disso, ser um membro com pagamento verificado, ajuda a melhorar sua reputação e dar mais credibilidade ao seu perfil. Não é obrigatório, mas eu recomendo.

Vejo vocês por aqui (ou por aí)

A minha jornada ainda está no começo, mas prometo dividi-la com vocês sempre que possível.

Me sigam no Instagram e no Facebook! Por lá também postarei mais sobre a minha trajetória. E qualquer dúvida ou ajudinha extra, meus contatos estão logo abaixo 🙂

 

e-mail: gabrielsenaha@uol.com.br

Instagram: gabriel_moreno11

Facebook: Gabriel Moreno

 

4 thoughts on “Viajar é preciso (e não tão complicado assim)

  1. Gabiiiiii, que maravilha adorei e você sempre surpreendendo com a sua simplicidade. Te esperamos aqui. Temos 3 pentelhos que te esperam. Beijos t.ji

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    1. Tia! Que delícia de mensagem! Hoje vejo o quão corajosa você foi de ter mudado para um país distinto e construído uma vida aí. Uma admiração imensa por essa decisão.
      Logo logo estarei com vocês! Obrigado pela moral e um beijo em todos os pucciones!

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